sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Sobre feminismo

Eu queria poder dizer que um dia mudarei de opinião, que com a maturidade provavelmente não mais pensarei dessa forma.
Mas não é isso que eu sinto, hoje. Acho que, com o tempo, posso começar a aprender a disfarçar minhas opiniões polêmicas. Sim, é isso que vai acontecer.

Por que soa tão agressivo aos ouvidos femininos que as contas precisam ser divididas? Como as mulheres querem conquistar a igualdade, se ainda pensam que motel só deve ser pago pelo homem?

É muito fácil ser feminista quando o assunto é igualdade de salários, igualdade de reconhecimento, igualdade de tudo. Menos na hora de pagar o motel ou carregar as malas.

Eu sou uma feminista convicta, quase sempre confundida com outras coisas [porque, oi? eu divido a conta do motel e carrego minhas bolsas sozinha].

O mundo é machista por causa das mulheres, é homofóbico por causa dos homossexuais e é racista [é?] por causa das minorias raciais.

Prontofalei.

sábado, 18 de outubro de 2008

"There's so many changes in my life..." ou THERE'RE, como queiram.

Essa postagem está sendo alterada porque eu decidi que não devia mais ter o link do blog pessoal aqui.

Aliás, essa postagem era temporária mesmo, pq a idéia era que o blog ficasse 'sério' e tal.


Mas aí aconteceu uma coisa legal no meio do caminho: alguém veio corrigir o There's do título.

Achei MARA, mesmo. Só não gostei de ter sido anônimo, pq eu queria agradecer à pessoa que anda lendo meu blog; afinal, eu muito achava que só a /voluntas era quem passeava por aqui.

Fiquei HAPPY. =D

[Obviamente não é nenhum amigo meu, pq se fosse iria me sacanear A LOT, justamente eu, a mais chata com correção.]

HAHA

Mas enfim, tá aí, vai ficar assim, achei engraçado.

Lembrou a música do Casseta & Planeta zoando Claudinho e Buchecha... 'Sabe, tchururu, eu não sei falar ingrêis, oh yes' hahaha

E você, já viveu?

Quando perguntaram na aula quem já havia sentido uma paixão avassaladora, o silêncio foi unânime.
Não é difícil entender essa reação. Apesar de sabermos que as paixões estão por aí, em todos os lugares, o tempo todo, não é da índole do ser humano exibir publicamente os seus fracassos.
E é claro que uma paixão avassaladora só pode ter fracassado.
O prazo de validade das paixões é bem curto. A paixão é como um pãozinho francês, como uma salada de frutas. Quando o pãozinho sai do forno, quentinho, tem aquele cheirinho, aquele sabor. Mas precisa logo ser consumido. O pão endurece, as frutas apodrecem.
É assim com as paixões. Consumindo-as ou não, elas acabam.

Cabe a nós degustar ao máximo, consumir cada pedacinho, cada farelo. Ou apenas deixar que apodreça.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Amor platônico

"Amor platônico, na acepção vulgar, é toda a relação afetuosa em que se abstrai o elemento sexual, idealizada, por elementos heterossexuais de gêneros diferentes - como num caso de amizade pura, entre homem e mulher.
Esta definição, contudo, difere da concepção mesma do amor ideal de Platão, da qual surgiu a atual idéia grosseira, o filósofo grego da Antigüidade, que concebera o Amor como algo essencialmente puro e desprovido de paixões, ao passo em que estas são essencialmente cegas, materiais, efêmeras e falsas. O Amor, no ideal platônico, não se fundamenta num interesse (mesmo o sexual), mas na virtude."


***

Acontece que Platão referia-se ao amor que ele sentia por seus discípulos como 'amor platônico'. Assim sendo, poderíamos concluir que, para Platão, esse tipo de amor seria fraternal, sem interesses sexuais.

Mas não é verdade! Platão era gay, e provavelmente tinha interesses sexuais nos meninos, sim. No fim das contas, entendo por 'amor platônico' um amor que se diz puro, provavelmente pela necessidade implícita de prestar contas à sociedade.

Por que estou dizendo isso?
Não sei exatamente, achei que tinha a ver com nosso blog. Postei lá, mas já apaguei.
Certamente, HOJE, não tem mais nada a ver.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

A Internet cansa.

Hoje tenho contatos no MSN e no Orkut que não tenho no mundo real. Quando meu perfil do Orkut foi apagado, senti como um soco na boca do estômago. Fiquei sem ar. Era mais ou menos como morrer.

Mas comprovei que existe vida após a morte virtual. Até porque, a vida virtual é tão fake quanto o meu perfil da Jeanie Bueller no Orkut. O mundo virtual é uma droga, que pode viciar, mas que também pode encher o saco, às vezes.

E eu, sinceramente, me enchi da Internet. Sinto falta quando não consigo ler os e-mails ou os scraps, mas quando estou navegando já não sinto que isso preenche meu tempo.

No MSN, atualmente, entro só para ver se Erick está on line. Às vezes fico um tempão on line e não falo com ninguém.

Daqui a pouco vou procurar um site pra jogar buraco on line. Vamos ver se isso me anima.

sábado, 27 de setembro de 2008

I'm back, Lucius

Um belo dia digitei o login e a senha e não fui direcionada à minha página inicial, e sim a uma página do Google me dizendo que eu violei alguma regra do Orkut.
Não sei que regra foi essa, mas sei que não fiz nada de errado.
Pensei 'ah, que se foda'. Mas não é tão simples.
Acabei criando um novo perfil, primeiro pq preciso divulgar a minha festa, a Vanilla, e segundo pq não podia perder um meio de comunicação tão dinâmico e abrangente quanto esse.

Então é isso. Voltei.
Mas ainda não adicionei todo mundo; afinal, isso dá um trabalho do caralho.
Se vc me conhece, faz a gentileza de adicionar, ok?
http://www.orkut.com.br/Main#Profile.aspx?rl=ls&uid=5004225760158769173

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Psique


Psique era uma princesa cuja beleza era de tal ordem que a deusa Afrodite sentiu-se tomada de ciúmes dela. Por esse motivo ordenou que o filho Eros, o deus do Amor, servisse de instrumento para punir tamanho atrevimento por parte daquela mortal.
Quase ao mesmo tempo o oráculo ordenou ao pai de Psiquê, diante de ameaças assustadoras, que conduzisse a filha para junto de um rochedo, onde um monstro horrível a tomaria como esposa.
Eros, porém ao ver Psiquê com sua beleza perturbadora, enamorou-se dela perdidamente. Descuidando-se com suas flechas, acabou ferindo-se com uma delas. As flechas de Eros eram usadas com o propósito de fazer as pessoas por elas atingidas se apaixonarem subitamente, não escapando de seu veneno nem mesmo os deuses imortais. E assim, Eros se apaixonou pela moça a quem deveria destruir por ordem da mãe.
Enquanto isso Psique, entre assustada e resignada, esperava no rochedo solitário para o cumprimento da profecia do oráculo quando começou a se sentir transportada por um vento brando, que a levou até um majestoso palácio.
Quando escureceu Psique sentiu sono, e estava quase adormecida quando um ser misterioso foi ao seu encontro, dizendo-lhe que ele era o marido a quem ela fora destinada. Psique não conseguiu ver-lhe as feições, mas sua voz era macia e sentiu que o marido lhe falava com muita ternura. O casamento foi entãoo celebrado. Porém, todos os dias, antes do amanhecer o visitante misterioso desaparecia, fazendo Psique prometer que jamais tentaria ver-lhe o rosto.Durante algum tempo, Psique viveu feliz daquela maneira.
Nada lhe faltava, exceto a presença constante do amado, que só chegava para visitá-la à noite. E sua felicidade teria continuado assim por muito tempo, não fosse pelas duas irmãs que sempre a invejaram e começaram a lançar suspeitas em seu coração, sugerindo-lhe que seu marido deveria ser um monstro horrendo para esconder-se daquela maneira.
Tanto a incomodaram com suas dúvidas que certa noite, a despeito da promessa que fizera ao marido, levantou-se da cama pé, ante pé, acendeu uma lâmpada de óleo para ver quem lhe compartilhava o leito. Ao invés do monstro, Psique viu ao seu lado o homem mais bonito do mundo, Eros. Chocada com tanta beleza, Psique sem querer espetou-se numa das flechas de Eros, jogadas aos pés da cama, e na confusão deixou cair-lhe na face um pingo de óleo fervente.
Psique então apaixonou-se perdidamente pelo jovem deus, a quem já tinha aceito porque sabia que ele a amava. Mas ao despertar com a dor da queimadura, Eros recriminou-a por sua desobediência e ingratidão, pois a avisara muitas vezes para que não tentasse saber quem ele era. Enfurecido, voou para longe, deixando-a inconsolável.
[...]

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Nem Omo remove [trocadilho de quinta mode ON]


E em 2005, não lembro exatamente como, eu conheci o Mancha.
Não vou me estender muito, na verdade odeio rasgação de seda.

Fato é que vivemos bons momentos juntos. Claro que a convivência diminuiu, mas isso não é exatamente um problema. O Mancha foi uma das coisas maravilhosas que me aconteceram em 2005, e o melhor de tudo é que ele ainda está na minha vida.

A Vanessa que me perdoe, mas eu amo o Mancha.

Se conselho fosse bom...

Depois de passar um ano morando com minhas gatinhas, Catarina e Cecília, num apartamento conjugado super fofo [num prédio horroroso, admito], resolvi me mudar.
Como eu quase não dormia em casa, só ia mesmo pra dar comida às gatas e limpar a bagunça delas, achei que nem precisava alugar outro apartamento. Bastava me livrar das coisas maiores, e enfiar roupas e miudezas úteis - sim, porque as inúteis eu joguei fora - na casa da minha avó.

Lembro-me perfeitamente de como Luiz e Eduardo me apoiaram nessa decisão. O que foi muito importante, pois era na casa deles que eu mais dormia e, teoricamente, continuaria dormindo.

E a coisa estava indo até bem. Comecei a dormir um pouco lá, um pouco cá. No Luiz, no Eduardo, no meu primo, na minha avó. Comprei um note e coloquei internet móvel; ou seja, meu note também ficava de lá pra cá.
Com o tempo, acabei ficando mais na casa de vovó, até porque Eduardo mora meio longe e Luiz começou a namorar.

Mas esse mundo dá muitas voltas, não canso de repetir essa frase feita horrorosa.
Imagine que, o namorado de Luiz me odeia de graça, e Eduardo precisa trepar com o dele 7 dias por semana... No meio disso tudo, meu pai [aquele, que resolveu ir pro Sul e largar a mim e aos meus irmãos mais ao deus-dará do que nunca], veio passar duas semanas de 'férias' com a namorada.

Na 'minha' cama.

Beleza. Eu sempre fui acostumada a dormir no chão.
Não é hoje que vou reclamar disso.
Claro que quando ele usa meu note e muda as coisas de lugar eu fico puta. Mas é só um detalhe.

Eles vão embora em duas semanas, isso é realmente o de menos.
O que achei interessante nessa história é que aconteceu igualzinho quando eu terminei o namoro.

Na hora de terminar, o mundo te convence a ir em frente.
Quando você está sozinha e abandonada, ninguém deixa de ver o namorado pra sair com você.
E quando você não tem onde dormir porque pegaram a sua cama, não aparece uma viv'alma te oferecendo um cantinho.

C'est la vie.

sábado, 30 de agosto de 2008

Homens

Tenho que começar dizendo que odeio as mulheres. Não do jeito sexual, como a maioria das mulheres héteros faria questão de destacar.
Odeio as mulheres como amigas, mesmo. Geralmente odeio as amigas dos meus amigos, as colegas de trabalho, as tias, as primas, as mães dos alunos.
Ah, não odeio, vai. Só não me dou bem com elas. Não há empatia.

Aquela coisa que muitos poetas adoram falar, do jeito feminino, do modo como elas falam, do instinto maternal, da sensibilidade, das horas pra se arrumar, das unhas e cabelos feitos... Putaquepariu, eu acho isso tudo uma bosta. Odeio frescura de mulher.
Quer me ver puta é mulher me chamando pra ir ao banheiro com ela. Nossa, eu tenho vontade de dizer: 'que foi, quer que eu te limpe?'

Por isso decidi me aproximar dos homens. Falar como eles, beber com eles, entender dos assuntos que eles entendem. Se eu fosse feia, teria dado muito certo. Mas não adianta... Homem não aceita que a mulher seja bonita e inteligente. Ou uma coisa ou outra, e se ela for bonita, não serve pra ser amiga.

No fim das contas, eu até tenho amigos homens e tal... Poucos, pouquíssimos. E é extremamente raro que nenhum deles tenha alguma intenção extra. A gente vê isso claramente depois de algumas horas de bar, quando todos eles já falam com você olhando diretamente pro decote. Acho que no fundo alguns desses amigos de bar ainda cultivam uma esperança a meu respeito. Talvez pensem que se eu beber bastante acabo cedendo.
Isso nunca aconteceu, posso garantir. Se eu termino a noite com alguém, é porque já havia alguma pré-intenção da minha parte.

Mas como o mundo não é bão, Sebastião... É claro que essa minha condição de amiga de homem me atrapalha de muitas formas. Primeiro, porque automaticamente fiquei amiga de milhões de gays. Não que seja um problema, propriamente, mas gay atrai gay, e eu só vou a lugar gay, só conheço novos gays e por aí vai. Segundo, e muito pior, é que meus relacionamentos são sempre um fiasco. Um homem hétero não me entende, não me aceita. O cara deve ficar inseguro comigo, sei lá. Eu também não sou lá flor que se cheire... Não sou fácil de lidar, não levo desaforo de jeito nenhum, e não gosto de qualquer um. Só dos estranhos, desafiadores, ou tão difíceis de se lidar quanto eu sou.

É, a verdade é que há uma predestinação à solteirice, que eu até tento combater. Mas é aquele negócio "I need somebody, not just anybody".
Quem sabe 2009 não me reserve uma surpresa?

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Próximo defeito... Qual o próximo defeito?

Eu esqueço de coisas importantes.
Esqueço de aniversário, data de entrega de trabalhos, período de inscrição de concurso, festa mais esperada do ano que havia prometido ir há dois meses.

Não há limites nem padrões para os meus esquecimentos.
Uma vez eu esqueci que tinha prova e um livro inteiro pra ler antes dela. Lembrei quando acordei, tive que faltar ao trabalho para tentar ler parte do livro em 3 horas.
Outra vez eu esqueci que havia marcado com o funcionário da imobiliária pra fazer a vistoria do meu apartamento. O cara foi e ficou me esperando lá, e eu só lembrei no dia seguinte.

Depois eu morro de vergonha. E não consigo dizer a verdade de jeito nenhum.
Pois é, virei uma mentirosa compulsiva por causa disso. Mas esse defeito terá uma crônica exclusiva, aguardem.

Às vezes eu acordo num dia de sábado ou domingo e acho que esqueci de trabalhar. Tenho até taquicardia, acordo no susto. Coisa de segundos, claro.

E quase sempre eu sonho que esqueci de colocar o despertador pra tocar. Essa é clássica, já aconteceu mesmo algumas vezes e por causa disso desenvolvi um TOC: checo o despertador pelos menos três vezes antes de dormir. Mais um defeito que ganhará sua própria crônica... rs

Por fim, mas não menos CHATOS, vêm aqueles famosos esquecimentos momentâneos - que se tornam quase permanentes, às vezes... Aquela coisa básica: sai do quarto pra pegar água na cozinha e quando chega na cozinha esquece o que foi fazer lá.

Agora imagina isso acontecendo TODA HORA.

Welcome to my life.

domingo, 3 de agosto de 2008

Crônica #2: Materialismo

Eu não tenho defeitos. Já cheguei a pensar assim, olha que bobagem.
Depois eu comecei a achar que meus defeitos eram todos fofos... Tipo meu péssimo humor, minha grosseria, minha sinceridade exagerada, minha incompetência em disfarçar sentimentos.
Talvez uma bobagem ainda maior.

Hoje eu sei que eu tenho defeitos e que eles não são fofos.
Mas quer saber? Defeitos são ruins, mas eu espero me livrar apenas daqueles que ME atrapalham.

E o materialismo me atrapalha.
Eu não gosto dessa satisfação que eu sinto em TER coisas. E gosto menos ainda da dor que eu sinto em perder as coisas.
Eu cheguei a pensar em não ter algumas delas, apenas pelo medo de perdê-las no futuro. Gente! Isso é muita maluquice!

Imagina... "Não vou comprar esse anel, porque se eu perdê-lo eu vou ficar muito triste".

Não quero mais ter medo de emprestar minhas coisas.
Medo de estragar minhas roupas e sapatos na noite.
Da minha bolsa arrebentar, ou da sombra acabar se eu usar demais.

Esse defeito me faz muito mal. Mesmo.

Quero deixar de ser materialista.
comofas/

Crônica #1

Essa é a primeira da série de crônicas que eu vou escrever sobre os meus defeitos. Crônicas egocêntricas ao extremo, diga-se de passagem.
Tive essa idéia no banheiro do cinema. E o curioso é que nem tem nada a ver com o filme que eu estava vendo.
Não serão boas crônicas. Nem serão crônicas, para a maioria dos críticos.
Como nenhum crítico vai ler essa merda mesmo, vou chamar de crônica.
Algum teórico aí disse que crônica é aquilo que o autor chama de crônica. Eu sou a autora, e isso é uma crônica.

Um parágrafo inteiro de metalingüística. Ou melhor, um bloco de texto inteiro, porque eu não sou adepta do uso convencional dos parágrafos. Outra de minhas manias, mas essa pelo menos foi inspirada num autor mais ou menos importante [José de Alencar, mas não conta isso pra ninguém, não].

Vamos ao defeito que considero o principal: materialismo.
Isso merece uma postagem única, não?

É. Merece.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Sobre as más influências

"Vídeo-games não influenciam crianças. Quer dizer, se o Pac-man tivesse influenciando a nossa geração, estaríamos todos correndo em salas escuras, mastigando pílulas mágicas e escutando músicas eletrônicas repetitivas."(Kristian Wilson, Nintendo Inc, 1989.)



Copiado do orkut de alguém.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Tema de abertura - Dragon Ball GT

- Sabe de uma coisa? Foi o seu sorriso que me deixou assim.
- Assim como?
- Não tá vendo? Assim, feliz, entusiasmado... Sei lá. Assim como eu tô.
- Hahaha. Deixa de ser bobo, você já estava assim quando eu cheguei.
[silêncio]
- Você pode não acreditar... Mas desde aquele dia que a gente se reencontrou, eu venho pensando muito naquele lugar.
- Que lugar? [pausa] Claro que eu lembro, eu tô brincando. Você me faz lembrar aquele lugar também. Lembranças especiais.
- Faz lembrar minha infância.
- É.
[toca uma música]
- Vamos dançar?
- Dançar? Tá doido? Esqueceu que eu não sei dançar? Além do mais, tá ficando tarde, o sol já está indo embora.
- Ah... Por isso mesmo, olha os raios de sol através das árvores. E não precisa saber dançar. É só me dar a mão e eu te levo pelas sombras e pelas luzes.
- Tudo bem. Vamos tentar!
[dançam]
- Não sei se você percebeu...
- O quê?
- Que eu gostei de você.
- Sim, eu percebi. Já gosta de mim há bastante tempo, até.
- É verdade. Mas sempre que eu pensei em dizer isso a você, meu coração palpitava...
- Mas você não sabia que era recíproco?
- Palpitava de medo e de esperança...
- Anoiteceu, vamos sair daqui. Agora você me dá a mão: eu conheço um caminho.


http://br.youtube.com/watch?v=vUCSnaIvWvg

[para ler OUVINDO o vídeo]

sábado, 5 de julho de 2008

Os Saltimbancos

Dias como hoje só confirmam que fiz a escolha certa.
Pessoas como meus alunos, as professoras, as diretoras, a equipe toda.

Eu teria muitos nomes para citar, e isso também incluiria as mães/ pais/ avós, que levaram os filhos para ensaiar fora do horário de aula.

Meus olhos se encheram d'água 3 vezes. Uma no final da primeira apresentação, mas confesso que nessa hora tive vontade foi de chorar mesmo. Mas segurei firme! A segunda vez foi quando percebi que João tinha decorado direitinho e estava seguro. E a última quando Amanda dançou e dublou lindamente a música da gata. Todos foram ótimos, sem dúvida. Mas esses mereciam o troféu revelação...

Claro que eu já sabia que eles se sairiam bem. Só não esperava que seria tão bem assim!

Nathalie, como sempre, deu um show.
Juan perdeu a timidez, esqueceu o nervosismo e fez tudo direitinho.
Rayane deu graça à galinha, não errou nenhuma fala.
Antônio então, nem se fala. Sabia todas as falas na hora exata.
Jorge Victor, mesmo com poucos ensaios conseguiu decorar tudo.
Lucilene, outra que dá show sempre, também não errou e sabia todas as falas, até as dos outros.

Os 'patrões', apesar de participarem de apenas 2 ensaios, foram ótimos.

E a turma das notas musicais, que fizeram uma coreografia meia hora antes! Maravilhosos!

Como eu disse, eu teria muitos nomes para citar. Mas vou ficando por aqui; afinal, 'não é preciso ir longe se aqui a gente tá tão bem'.
=)


O importante é que todos juntos... SOMOS FORTES!

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Saussure

O batismo do rinoceronte Quindim é uma das traquinagens da boneca de pano criada por Monteiro Lobato, em Emília no País da Gramática. Em livro anterior, Reinações de Narizinho (1931), o personagem já aparecia, sem nome. O diálogo que dá registro a Quindim acompanha um conceito caro ao lingüista suiço Ferdinand de Saussure: a arbitrariedade do signo.

"Nisto dobraram uma curva do caminho e avistaram ao longe o casario duma cidade. Na mesma direção, mais para além, viam-se outras cidades do mesmo tipo.
- Que tantas cidades são aquelas, Quindim? - perguntou Emília.
Todos olharam para a boneca, franzindo a testa. Quindim? Não havia ali ninguém com semelhante nome.
- Quindim - explicou Emília - é o nome que resolvi botar no rinoceronte.- Mas que relação há entre o nome Quindim, tão mimoso, e um paquiderme cascudo destes? - perguntou o menino, ainda surpreso.- A mesma que há entre a sua pessoa, Pedrinho, e a palavra Pedro - isto é, nenhuma. Nome é nome, não precisa ter relação com o "nomado". Eu sou Emília, como podia ser Teodora, Inácia, Hilda ou Cunegundes..."

http://revistalingua.uol.com.br/textos.asp?codigo=11454

Metalingüística, por Monteiro Lobato

"O meu processo é anotar as boas frases, as de ouro lindo, não para roubá-las ao dono, mas para pegar o jeito de também tê-las assim, próprias. Dum de seus livros extrai 60 frases de encher o olho. Não releio mais esse livro - não há tempo - mas releio o compendiado, o extrato, e aspiro o perfume e saboreio. Formo assim um florilégio camiliano do que nele mais me seduz as vísceras estéticas. E não discuto nem analiso, porque seria fazer gramática, do mesmo modo que não analiso botanicamente um cravo ou uma gostosa laranja mexeriqueira. Cheiro um e como a outra."

[trecho de uma das correspondências de Monteiro Lobato ao amigo Godofredo Rangel, incluídas na coletânea de cartas A Barca de Gleyre (1944)].

terça-feira, 3 de junho de 2008

Diálogos do cotidiano

Nathália e Ygor, no carro.

- Ygor, conheci um cara muito legal ontem, acho que você vai gostar dele!
- Hmm, que bom. Mas ele é bonito ou é do tipo que você gosta mesmo?

@_@


Nathália e Luiz, pelo telefone.

(...)
- As pessoas não gostavam dela, ela sempre foi meio grossa, daquele tipo de pessoa que fala o que pensa e não tá nem aí se vão gostar ou não.
- Ah, sim, tipo eu.
- Não, Nathália. Nem tanto.

@_@³

segunda-feira, 2 de junho de 2008

The question is: who cares?


O TDAH atinge todos os aspectos da vida de uma pessoa: -pessoal: sentimentos de frustração e baixa auto-estima em função das dificuldades encontradas para desempenhar corretamente as mais diversas atividades podem levar a problemas psicológicos e de comportamento; -escolar: dificuldades de aprendizagem, levando a baixo rendimento escolar, repetência e abandono dos estudos; -social: problemas de relacionamento devido às características próprias do quadro, como falta de atenção nas pequenas coisas que fazem parte de uma relação equilibrada; falta de "desconfiômetro" no trato com as pessoas, sempre falando muito ou interrompendo e se metendo; incapacidade de acompanhar a norma dos grupos; etc. -afetivo: uma extensão dos problemas acima, pelos mesmos motivos; -profissional: a falta de organização, a dificuldade em manter o nível de atenção e a persistência no trabalho, a inquietação e a freqüente busca de estímulos variados fazem com que a maioria dos adultos com TDAH não consigam alcançar boa posição profissional ou status compatível com sua educação familiar ou capacidade intelectual.

O TDAH desaparece com a idade?

Não. Por tratar-se de um distúrbio neurobiológico, o TDAH não desaparece com a idade. O que pode acontecer é uma modificação dos sintomas, dependendo da evolução da criança, tanto na parte física como psicológica, afetiva, pedagógica e social. Por exemplo, a hiperatividade, tão explícita na criança, aparece no adulto como forma de inquietação interna, um desejo constante de mudanças ou de estímulos cada vez maiores. O desejo de mudanças pode fazer com que mude freqüentemente de emprego, assim com a busca de estímulos fortes pode levá-lo à prática de esportes radicais. A pessoa com TDAH precisa aprender a conviver com o TDAH, fazendo as acomodações necessárias ao longo da vida. Por isso a grande importância de um diagnóstico correto precoce, que possibilite à criança ter um atendimento adequado o mais cedo possível.

domingo, 1 de junho de 2008

Prova?

- Agora vamos guardar todo o material. Deixem na mesa lápis, borracha e apontador, mais nada.
- É prova, professora?
- Não... É... Não é, mas é como se fosse. Eu não vou ajudar a fazer e também não pode perguntar ao colega.
- Ah, então é prova.
- ...
Começam a fazer.
"Não era pra ter falado em prova... Será que eles vão ficar nervosos agora?", ela se pergunta.
Naquela escola já não se fazia prova. A maioria ali nunca estudara em outro lugar, então a coisa da prova era algo meio desconhecido, meio assustador.
Mas não assustador como é para a maioria de nós, que passamos pelas tais provas até hoje.
Assustador do tipo misterioso mesmo, uma coisa que todo mundo fala que é ruim mas que nem se sabe por que é tão ruim assim.
Vão entregando, uma a uma.
E ela corrige logo; não pode conter a curiosidade.
Primeira aluna, acerta tudo. Ufa!
Segundo, tudo.
Terceiro, quase tudo.
E assim vai, até o último.
Todos acertam tudo ou quase tudo.
Se valesse nota, nenhum tiraria abaixo de 9.
Os olhos dela enchem d'água.
- A professora tá chorando!
- Não, é que eu tô gripada, menino. Deixa de ser bobo.
"Já posso ensinar a divisão", ela pensa.

Café da manhã em Bariloche

Fazia frio em Bariloche.
Aquele era o último café que tomariam no hotel antes de voltarem para casa. Talvez o último momento juntos, pensaram. Mas só ela falou.
Chovia na janela.
Os olhares se encontravam o tempo todo, mas os pensamentos provavelmente estavam perdidos.
Havia muita conversa, mas não havia conversa.
Que horas são? O chocolate ainda tá quente?
A chuva fininha e gelada deixava Bariloche com um ar melancólico.
Saíram. O trem partiria em breve.
Mesmo caminho, diferentes destinos.
Despediram-se com um beijo, dentro do trem.
Ele desceu na estação seguinte, ela desceu na outra.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Ao nascer do sol

Foi tudo muito rápido.
Quando acabou a valsa, ele precisava voltar ao castelo, não havia muito tempo para conversa.
'Você tem duas opções, nenhuma outra a mais, tem que escolher entre essas duas.'
'Tudo bem. Quais são?'
'Ou você vem comigo agora, ou me diz onde mora.'
'Ir com você para onde?'
'Para onde eu quiser. Levo você em casa depois.'
Era uma decisão difícil. Não ficava bem uma moça amiga da princesa sair por aí com um desconhecido.
E ela também não poderia dizer onde mora, e se ele aparecesse por lá de repente?
'Eu vou com você.'

A carruagem estava cheia, mas ninguém a conhecia. Assim era melhor.
'Pára aqui.'
'Senhor, estamos no meio da floresta...'
'É aqui mesmo. Pode parar.'
Desceram no meio do nada, mas ela não teve medo.
Seguiram um caminho que ele parecia conhecer bem. Pararam num lugar provavelmente estratégico.
Deitaram e olharam para o céu.
'Nossa. Eu nunca havia reparado todas essas estrelas.'
'Mas não havia como reparar. Não conheço nenhum outro lugar de onde se possa ver o céu assim, tão estrelado.'
E ali ficaram, até amanhecer.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Fantasmas

Quando me perguntaram se eu tinha medo de fantasmas, confesso que pensei logo em minhas histórias tristes. Mas a pergunta não era essa, eu sei. Então eu respondi que não, meio que pretensiosamente. Afinal, não deixa de ter alguma pretensão em dizer que não se tem medo. Um medinho a gente sempre tem.
A questão é que medo mesmo eu tenho dos meus fantasmas vivos. Uns tais que andam aparecendo, de tempos em tempos, perambulando pelos meus espaços, abordando a meus amigos e a mim, por algumas vezes.
Sim, desses eu tenho medo. Eles não vão embora, não me deixam. Eu não os esqueço, mesmo quando acho que já esqueci. E meu coração aperta, de medo, sim, de medo, sempre que os vejo.
Meus fantasmas não me escutam. Não entendem meus sinais. Não sabem que já morreram. Mas eu também tenho lá minhas dúvidas.

Orkut pergunta: quem sou eu?

"Mas que sujeito chato sou eu
Que não acha nada engraçado
Macaco, praia, carro
Jornal, tobogã
Eu acho tudo isso um saco...
É você olhar no espelho
Se sentir
Um grandessíssimo idiota
Saber que é humano
Ridículo, limitado
Que só usa dez por cento
De sua cabeça animal..."

Decifra-me ou devoro-te

"Ah, mas o que significam os versos, quando os escrevemos cedo! Devia-se esperar e acumular sentido e doçura durante toda a vida e se possível durante uma longa vida, e então, só no fim, talvez se pudessem escrever dez versos que fossem bons. Porque os versos não são, como as gentes pensam, sentimentos (esses têm-se cedo bastante), - são experiências. Por amor de um verso têm que se ver muitas cidades, homens e coisas, tem que se conhecer os animais, tem que se sentir como as aves voam e que se saber o gesto com que as flores se abrem pela manhã. É preciso poder tornar a pensar em caminhos, em regiões desconhecidas, em encontros inesperados e despedidas que se viram vir de longe, em dias de infância ainda não esclarecidos, nos pais que tivemos que magoar quando nos traziam uma alegria e nós a não compreendemos (era uma alegria para outro), em doenças de infância que começam de maneira tão estranha com transformações profundas e graves, em dias passados em quartos calmos e recolhidos e em manhãs à beira-mar, no próprio mar, em mares, em noites de viagem que passaram sussurrando alto e voaram com todos os astros, e ainda não é bastante poder pensar em tudo isto. É preciso ter recordações de muitas noites de amor, das quais nenhuma foi igual a outra, de gritos de mulheres no parto e de parturientes leves, brancas e adormecidas que se fecham. Mas também é preciso ter estado ao pé de moribundos, ter ficado sentado ao pé de mortos no quarto com a janela aberta e os ruídos que vinham por acessos. E também não é ainda bastante ter recordações. É preciso saber esquecê-las quando são muitas, e é preciso ter a grande paciência de esperar que elas regressem. Pois que as recordações mesmas ainda não são o que é preciso. Só quando elas se fazem sangue em nós, olhar e gesto, quando já não têm nome e já se não distinguem de nós mesmos, só então é que pode acontecer que, numa hora muito rara, do meio delas se erga a primeira palavra de um verso e saia delas."


Os cadernos de Malte Lauridge Bridge, de Rainer Maria Rilke