sábado, 30 de agosto de 2008

Homens

Tenho que começar dizendo que odeio as mulheres. Não do jeito sexual, como a maioria das mulheres héteros faria questão de destacar.
Odeio as mulheres como amigas, mesmo. Geralmente odeio as amigas dos meus amigos, as colegas de trabalho, as tias, as primas, as mães dos alunos.
Ah, não odeio, vai. Só não me dou bem com elas. Não há empatia.

Aquela coisa que muitos poetas adoram falar, do jeito feminino, do modo como elas falam, do instinto maternal, da sensibilidade, das horas pra se arrumar, das unhas e cabelos feitos... Putaquepariu, eu acho isso tudo uma bosta. Odeio frescura de mulher.
Quer me ver puta é mulher me chamando pra ir ao banheiro com ela. Nossa, eu tenho vontade de dizer: 'que foi, quer que eu te limpe?'

Por isso decidi me aproximar dos homens. Falar como eles, beber com eles, entender dos assuntos que eles entendem. Se eu fosse feia, teria dado muito certo. Mas não adianta... Homem não aceita que a mulher seja bonita e inteligente. Ou uma coisa ou outra, e se ela for bonita, não serve pra ser amiga.

No fim das contas, eu até tenho amigos homens e tal... Poucos, pouquíssimos. E é extremamente raro que nenhum deles tenha alguma intenção extra. A gente vê isso claramente depois de algumas horas de bar, quando todos eles já falam com você olhando diretamente pro decote. Acho que no fundo alguns desses amigos de bar ainda cultivam uma esperança a meu respeito. Talvez pensem que se eu beber bastante acabo cedendo.
Isso nunca aconteceu, posso garantir. Se eu termino a noite com alguém, é porque já havia alguma pré-intenção da minha parte.

Mas como o mundo não é bão, Sebastião... É claro que essa minha condição de amiga de homem me atrapalha de muitas formas. Primeiro, porque automaticamente fiquei amiga de milhões de gays. Não que seja um problema, propriamente, mas gay atrai gay, e eu só vou a lugar gay, só conheço novos gays e por aí vai. Segundo, e muito pior, é que meus relacionamentos são sempre um fiasco. Um homem hétero não me entende, não me aceita. O cara deve ficar inseguro comigo, sei lá. Eu também não sou lá flor que se cheire... Não sou fácil de lidar, não levo desaforo de jeito nenhum, e não gosto de qualquer um. Só dos estranhos, desafiadores, ou tão difíceis de se lidar quanto eu sou.

É, a verdade é que há uma predestinação à solteirice, que eu até tento combater. Mas é aquele negócio "I need somebody, not just anybody".
Quem sabe 2009 não me reserve uma surpresa?

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Próximo defeito... Qual o próximo defeito?

Eu esqueço de coisas importantes.
Esqueço de aniversário, data de entrega de trabalhos, período de inscrição de concurso, festa mais esperada do ano que havia prometido ir há dois meses.

Não há limites nem padrões para os meus esquecimentos.
Uma vez eu esqueci que tinha prova e um livro inteiro pra ler antes dela. Lembrei quando acordei, tive que faltar ao trabalho para tentar ler parte do livro em 3 horas.
Outra vez eu esqueci que havia marcado com o funcionário da imobiliária pra fazer a vistoria do meu apartamento. O cara foi e ficou me esperando lá, e eu só lembrei no dia seguinte.

Depois eu morro de vergonha. E não consigo dizer a verdade de jeito nenhum.
Pois é, virei uma mentirosa compulsiva por causa disso. Mas esse defeito terá uma crônica exclusiva, aguardem.

Às vezes eu acordo num dia de sábado ou domingo e acho que esqueci de trabalhar. Tenho até taquicardia, acordo no susto. Coisa de segundos, claro.

E quase sempre eu sonho que esqueci de colocar o despertador pra tocar. Essa é clássica, já aconteceu mesmo algumas vezes e por causa disso desenvolvi um TOC: checo o despertador pelos menos três vezes antes de dormir. Mais um defeito que ganhará sua própria crônica... rs

Por fim, mas não menos CHATOS, vêm aqueles famosos esquecimentos momentâneos - que se tornam quase permanentes, às vezes... Aquela coisa básica: sai do quarto pra pegar água na cozinha e quando chega na cozinha esquece o que foi fazer lá.

Agora imagina isso acontecendo TODA HORA.

Welcome to my life.

domingo, 3 de agosto de 2008

Crônica #2: Materialismo

Eu não tenho defeitos. Já cheguei a pensar assim, olha que bobagem.
Depois eu comecei a achar que meus defeitos eram todos fofos... Tipo meu péssimo humor, minha grosseria, minha sinceridade exagerada, minha incompetência em disfarçar sentimentos.
Talvez uma bobagem ainda maior.

Hoje eu sei que eu tenho defeitos e que eles não são fofos.
Mas quer saber? Defeitos são ruins, mas eu espero me livrar apenas daqueles que ME atrapalham.

E o materialismo me atrapalha.
Eu não gosto dessa satisfação que eu sinto em TER coisas. E gosto menos ainda da dor que eu sinto em perder as coisas.
Eu cheguei a pensar em não ter algumas delas, apenas pelo medo de perdê-las no futuro. Gente! Isso é muita maluquice!

Imagina... "Não vou comprar esse anel, porque se eu perdê-lo eu vou ficar muito triste".

Não quero mais ter medo de emprestar minhas coisas.
Medo de estragar minhas roupas e sapatos na noite.
Da minha bolsa arrebentar, ou da sombra acabar se eu usar demais.

Esse defeito me faz muito mal. Mesmo.

Quero deixar de ser materialista.
comofas/

Crônica #1

Essa é a primeira da série de crônicas que eu vou escrever sobre os meus defeitos. Crônicas egocêntricas ao extremo, diga-se de passagem.
Tive essa idéia no banheiro do cinema. E o curioso é que nem tem nada a ver com o filme que eu estava vendo.
Não serão boas crônicas. Nem serão crônicas, para a maioria dos críticos.
Como nenhum crítico vai ler essa merda mesmo, vou chamar de crônica.
Algum teórico aí disse que crônica é aquilo que o autor chama de crônica. Eu sou a autora, e isso é uma crônica.

Um parágrafo inteiro de metalingüística. Ou melhor, um bloco de texto inteiro, porque eu não sou adepta do uso convencional dos parágrafos. Outra de minhas manias, mas essa pelo menos foi inspirada num autor mais ou menos importante [José de Alencar, mas não conta isso pra ninguém, não].

Vamos ao defeito que considero o principal: materialismo.
Isso merece uma postagem única, não?

É. Merece.