quarta-feira, 18 de junho de 2008

Saussure

O batismo do rinoceronte Quindim é uma das traquinagens da boneca de pano criada por Monteiro Lobato, em Emília no País da Gramática. Em livro anterior, Reinações de Narizinho (1931), o personagem já aparecia, sem nome. O diálogo que dá registro a Quindim acompanha um conceito caro ao lingüista suiço Ferdinand de Saussure: a arbitrariedade do signo.

"Nisto dobraram uma curva do caminho e avistaram ao longe o casario duma cidade. Na mesma direção, mais para além, viam-se outras cidades do mesmo tipo.
- Que tantas cidades são aquelas, Quindim? - perguntou Emília.
Todos olharam para a boneca, franzindo a testa. Quindim? Não havia ali ninguém com semelhante nome.
- Quindim - explicou Emília - é o nome que resolvi botar no rinoceronte.- Mas que relação há entre o nome Quindim, tão mimoso, e um paquiderme cascudo destes? - perguntou o menino, ainda surpreso.- A mesma que há entre a sua pessoa, Pedrinho, e a palavra Pedro - isto é, nenhuma. Nome é nome, não precisa ter relação com o "nomado". Eu sou Emília, como podia ser Teodora, Inácia, Hilda ou Cunegundes..."

http://revistalingua.uol.com.br/textos.asp?codigo=11454

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