quarta-feira, 18 de junho de 2008

Metalingüística, por Monteiro Lobato

"O meu processo é anotar as boas frases, as de ouro lindo, não para roubá-las ao dono, mas para pegar o jeito de também tê-las assim, próprias. Dum de seus livros extrai 60 frases de encher o olho. Não releio mais esse livro - não há tempo - mas releio o compendiado, o extrato, e aspiro o perfume e saboreio. Formo assim um florilégio camiliano do que nele mais me seduz as vísceras estéticas. E não discuto nem analiso, porque seria fazer gramática, do mesmo modo que não analiso botanicamente um cravo ou uma gostosa laranja mexeriqueira. Cheiro um e como a outra."

[trecho de uma das correspondências de Monteiro Lobato ao amigo Godofredo Rangel, incluídas na coletânea de cartas A Barca de Gleyre (1944)].

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